O Conselho
Municipal dos Direitos da Mulher, através das conselheiras Ildete Mendes, Goretti Gomes, Lucineide Freire e Lindalva Medeiros, no âmbito de sua atribuições legais, tem
como um dos objetivos
o controle social de políticas públicas de atendimento e assistência a
mulher natalense fizeram visitas de monitoramento e avaliação
no atendimento as mulheres na Casa Abrigo Clara Camarão.
Segundo a assistente social, 70% das mulheres são recorrentes na Casa
Abrigo. Por essa perspectiva, os
elementos culturais como:
o mito do amor romântico, as promessas de mudanças, a dependência emocional e os vínculos afetivos, vulnerabilizam as mulheres, levando-as a vivenciar relações violentas e também
impedindo-as de reconhecer e sair de
tais situações.
Visualizamos uma casa de estrutura razoável contanto com três quartos,
banheiros, cozinha, lavanderia, playground com área verde. No andar superior,
escritório para os profissionais. Apresentando segurança mínima para as mulheres.
A equipe bem estruturada, formada de Assistente Social,
Psicóloga, Pedagoga, Advogada,
Enfermeira, Educadoras,
Cozinheiras e Segurança. Segundo a equipe, as mulheres geralmente chegam na casa como vítima de ameaça e
violência física, causadas devido ao grau de vulnerabilidade no nível
extremo de violência doméstica e as
mesmas recorrem ao abrigamento como
forma de preservar a sua vida e dos filhos. É bom lembrar que é
feita um triagem antes do abrigamento.
A maioria das abrigadas são de classe media baixa, negras
e moram na periferia. (As mulheres negras e
pobres são as mais atingidas,
historicamente, pela violência) .Os encaminhamentos
seguem para a rede de atendimento. Existe uma parceria com a BEMFAM,
Maternidade Januário Cicco e o Centro de Saúde
Leide Morais.
São servidas 6 refeições diárias e, segundo a coordenadora, de boa qualidade. A
cozinha é ampla e as profissionais
responsáveis pela alimentação aparentam estar de acordo com
os padrões exigidos
para o manuseio dos alimentos,
apesar de não sabermos se tem cursos adequados para tal.
Rotina
da abrigadas:
As abrigadas, em numero de três, participam das atividades domésticas na limpeza dos seus quartos
e na lavagem das roupas. Os quartos
tem um aspecto escuro e de desconforto, não há camas e os
colchonetes aparentam ser bastantes
quentes, uma vez que são cobertos com plásticos. Elas tem atendimento psicológico e
da assistente social. Participam de palestras e oficinas, não sendo permitido
no abrigamento ter contato com o agressor. Observamos a timidez das mulheres, demonstrando sofrimento nos seus relatos:
1 “Tive que deixar
minha filha mais velha, porque ela ainda esta estuda, sinto muita falta dela”
2 “As
vezes é preciso ter coragem para suportar tudo isso”
3 “deixei tudo” (com os olhos cheios de lágrimas).
As crianças até 12
anos podem acompanhar
a mãe e tem atendimento psicológico, pedagógico e condução para irem
à escola. Dispõem de uma pequena área verde, com estrutura mínima.
Observamos
que a situação
de abrigamento reflete no
emocional das crianças em relatos
como: “Eu queria ir para casa, sinto falta do meu irmão”.
Em relação à equipe multidisciplinar, observamos
que todas as demandas são tratadas
coletivamente, dando a impressão de sintonia
entre elas.
Segundo a coordenação, a casa tem um carro à disposição
para atender as necessidades e, para
maior segurança das abrigadas,
existe um plantão diurno e noturno de
responsabilidade das educadoras.
No momento da visita havia uma preparação para mudança de local, para maior segurança, até porque
já estão nesse espaço há dois anos . Ainda segundo a coordenadora, o
novo espaço irá oferecer maior conforto às mulheres, enfocando o enfrentamento
de algumas dificuldades diante da
burocracia.
Consideramos, para melhor atendimento na casa, que deveríamos
encaminhar algumas sugestões:
- Atividades mais prazerosas para as mulheres como:
Oficinas com temáticas de
interesse das mesmas (auto–estima, autonomia, direitos humanos, inclusive os
direitos sexuais e reprodutivos, prevenção, saúde e
cursos de curta duração.;
- Maior conforto com quartos mais amplos e camas confortáveis;
- Área verde mais ampla e bem equipada,
possibilitando que as crianças tenham
mais liberdade;
- Atividades
pedagógicas para as crianças com apresentações mais atrativas, visualizando os
programas infantis adequados, visto que muitos reforçam a violência.
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