quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

CMDM faz visita à Casa Abrigo


O Conselho  Municipal dos Direitos da Mulher, através das conselheiras Ildete Mendes, Goretti Gomes, Lucineide Freire e Lindalva Medeiros, no âmbito de sua atribuições legais,  tem  como  um dos  objetivos  o controle social de políticas públicas de atendimento e assistência a mulher natalense fizeram visitas de monitoramento  e avaliação  no atendimento as mulheres na Casa Abrigo Clara Camarão.

Segundo a assistente social, 70% das mulheres  são recorrentes  na Casa  Abrigo. Por essa  perspectiva, os elementos  culturais  como:  o mito do amor romântico, as promessas de mudanças, a dependência  emocional e os vínculos afetivos,  vulnerabilizam as mulheres, levando-as  a vivenciar relações violentas e também impedindo-as de reconhecer e sair  de tais situações.

Visualizamos uma casa de estrutura  razoável contanto com três quartos, banheiros, cozinha, lavanderia, playground com área verde. No andar superior, escritório para os profissionais. Apresentando segurança mínima  para as mulheres.

A equipe bem estruturada, formada de Assistente Social, Psicóloga, Pedagoga, Advogada,  Enfermeira,  Educadoras, Cozinheiras e Segurança. Segundo a equipe, as mulheres  geralmente chegam na casa como vítima de ameaça  e  violência física, causadas devido ao grau de vulnerabilidade no nível extremo de violência doméstica e  as mesmas recorrem ao abrigamento  como forma  de preservar  a sua vida e dos filhos. É bom lembrar que é feita um triagem antes do abrigamento.

A maioria das abrigadas são de classe media baixa, negras e moram na periferia. (As mulheres negras e  pobres são as mais atingidas,  historicamente, pela violência) .Os encaminhamentos  seguem para a rede de atendimento. Existe uma parceria com a BEMFAM, Maternidade Januário Cicco e o Centro de Saúde  Leide Morais.

São servidas 6 refeições diárias e,  segundo a coordenadora, de boa qualidade. A cozinha é ampla e as profissionais  responsáveis  pela  alimentação aparentam estar de acordo com os  padrões  exigidos  para o manuseio  dos alimentos, apesar de não sabermos se tem cursos adequados para tal.

Rotina da abrigadas:

As abrigadas, em numero de três,  participam das atividades domésticas  na limpeza dos seus  quartos  e na lavagem das roupas. Os quartos  tem um aspecto escuro e de desconforto, não há camas e os colchonetes  aparentam ser bastantes quentes,  uma vez que são cobertos com  plásticos. Elas tem atendimento psicológico e da assistente social. Participam de palestras e oficinas, não sendo permitido no abrigamento  ter contato  com o agressor. Observamos a  timidez das mulheres, demonstrando  sofrimento nos seus relatos:

1 “Tive que deixar minha filha mais velha, porque ela ainda esta estuda, sinto muita falta dela”
2  “As  vezes é preciso ter coragem para suportar tudo isso”
3  “deixei tudo” (com os olhos cheios  de lágrimas).

As crianças até 12 anos  podem  acompanhar  a  mãe e tem atendimento  psicológico, pedagógico e condução para irem à escola. Dispõem de uma  pequena  área verde, com estrutura  mínima.

Observamos  que  a  situação  de abrigamento  reflete  no  emocional  das crianças em relatos como: “Eu queria ir para casa, sinto falta do meu irmão”.

Em relação  à  equipe multidisciplinar,  observamos  que  todas as demandas são tratadas coletivamente,  dando a impressão de  sintonia  entre elas.

Segundo a coordenação, a casa tem um carro à disposição para atender as necessidades e, para  maior segurança  das abrigadas, existe um plantão diurno e noturno  de responsabilidade das educadoras.

No momento da visita havia uma preparação para  mudança de local, para maior segurança,  até porque  já estão nesse espaço há dois anos . Ainda segundo a coordenadora, o novo espaço irá oferecer maior conforto às mulheres, enfocando o enfrentamento de algumas dificuldades diante da  burocracia.

Consideramos, para melhor atendimento na casa, que  deveríamos  encaminhar  algumas sugestões:

- Atividades  mais prazerosas  para as mulheres  como:   Oficinas  com temáticas de interesse das mesmas (auto–estima, autonomia, direitos humanos, inclusive os direitos sexuais e reprodutivos, prevenção, saúde  e  cursos  de curta duração.;
-  Maior conforto  com quartos mais amplos  e camas confortáveis;
- Área  verde mais ampla e bem equipada, possibilitando que as crianças    tenham mais liberdade;
- Atividades pedagógicas para as crianças com apresentações mais atrativas, visualizando os programas infantis adequados, visto que muitos reforçam a violência. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário